Não comentaria a polêmica dos lados
das torcidas de Fluminense e Vasco no Novo Maracanã, porque se eu der audiência
a todos os imbróglios criados por Eurico Miranda, certamente não farei outra
coisa na vida. Quem o conhece de perto - felizmente não é o meu caso - diz que
furdunço e dívidas são as coisas que o doutor sabe fazer de melhor. Porém,
quebrarei o silêncio, por lamentar a quantidade de vascaínos, pessoas que
conheço, a maioria inteligentes, enfeitiçadas pelo Canto da Sereia. Nessa que é
uma das disputas mais ridículas do futebol brasileiro nos últimos tempos.
É ridícula porque o Eurico sabe que
hoje o Vasco da Gama é fraquíssimo e se utiliza destas questões para apenas
assim colocá-lo em evidência.
É ridícula porque, enquanto o
Fluminense tem encontrado equilíbrio entre dívidas e receitas e postado suas
contas regularmente com transparência, as do Vasco, com referência a 2013,
sequer foram aprovadas pelo próprio Conselho, e o dirigente, em vez de abrir
essa caixa preta, prefere criar uma cortina de fumaça.
É ridícula porque, ao se colocar
contra outro clube filiado, aliando-se a uma federação tosca, o outrora grande
Vasco da Gama dá sinais de fraqueza moral e apequenamento, algo lamentável para
o futebol do Rio.
É ridícula porque, diferente dessa
escusa batalha de bastidores, no passado o Vasco da Gama fora protagonista de
jogos memoráveis contra o Fluminense. Inclusive com direito a uma final de
Campeonato Brasileiro.
Para quem não acompanha a questão de
perto, a confusão é a seguinte: o Fluminense é concessionário do Maracanã até o
ano de 2048 e mandante do confronto que ocorrerá no próximo dia 22, pelo
carioquinha. Por contrato - e pela lógica -, deveria jogar no estádio, com sua
torcida ocupando o lado à direita da Tribuna de Honra.
Mas o Vasco da Gama, clube que se
vangloria de ser o único grande do Rio a ter estádio próprio, resolveu, nessa
"nova" administração, se meter no contrato alheio e, com o apoio
do Sr. Rubens Lopes, que hoje ocupa a presidência da Ferj, se
colocou acima de qualquer regra e também do bom senso: não entra em campo, se
os torcedores vascaínos não ocuparem o lado direito, se valendo de uma suposta
tradição que morreu, junto com as próprias arquibancadas, quando o Maracanã foi
parcialmente demolido e entregue pelo Estado à iniciativa privada.
Ou seja: é uma situação tão esdrúxula
que o futebol do Rio tem uma federação que apoia um clube que ameaça não entrar
em campo.
E então, como "solução",
numa decisão minimamente irracional, os times se enfrentarão no Engenhão ainda
em obras, pondo em risco não apenas os corajosos que comparecerem neste jogo já
repleto de nitroglicerina, mas também todo entorno do estádio. Repito:
tudo por causa do lado das torcidas. Uma discussão indiscutível.
Até o dia do jogo, euriquistas
cantarão de galo, mesmo sabendo que no Campeonato Brasileiro a situação deve
mudar de figura. Embora a CBF também seja o quintal do capo di tutti i
capi de São Januário, a pressão por se cumprir o bom senso deverá ser
muito maior.
Enquanto isso, ao Fluminense não
resta alternativa senão repudiar firmemente esses desmandos e treinar muito bem
para vencer o Vasco. Permanecer ao lado do profissionalismo e da legalidade é a
resposta que o clube deve dar, para mostrar que uma hora o 7 a 1 no
futebol brasileiro precisa ter fim.
Por
Fagner Torres, do Aqui é Flu
11 de fevereiro de 2015, 10:00
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