quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

Ao conspirar contra um rival, Vasco acusa apequenamento

Não comentaria a polêmica dos lados das torcidas de Fluminense e Vasco no Novo Maracanã, porque se eu der audiência a todos os imbróglios criados por Eurico Miranda, certamente não farei outra coisa na vida. Quem o conhece de perto - felizmente não é o meu caso - diz que furdunço e dívidas são as coisas que o doutor sabe fazer de melhor. Porém, quebrarei o silêncio, por lamentar a quantidade de vascaínos, pessoas que conheço, a maioria inteligentes, enfeitiçadas pelo Canto da Sereia. Nessa que é uma das disputas mais ridículas do futebol brasileiro nos últimos tempos.
É ridícula porque o Eurico sabe que hoje o Vasco da Gama é fraquíssimo e se utiliza destas questões para apenas assim colocá-lo em evidência.
É ridícula porque, enquanto o Fluminense tem encontrado equilíbrio entre dívidas e receitas e postado suas contas regularmente com transparência, as do Vasco, com referência a 2013, sequer foram aprovadas pelo próprio Conselho, e o dirigente, em vez de abrir essa caixa preta, prefere criar uma cortina de fumaça.
É ridícula porque, ao se colocar contra outro clube filiado, aliando-se a uma federação tosca, o outrora grande Vasco da Gama dá sinais de fraqueza moral e apequenamento, algo lamentável para o futebol do Rio.
É ridícula porque, diferente dessa escusa batalha de bastidores, no passado o Vasco da Gama fora protagonista de jogos memoráveis contra o Fluminense. Inclusive com direito a uma final de Campeonato Brasileiro.
Para quem não acompanha a questão de perto, a confusão é a seguinte: o Fluminense é concessionário do Maracanã até o ano de 2048 e mandante do confronto que ocorrerá no próximo dia 22, pelo carioquinha. Por contrato - e pela lógica -, deveria jogar no estádio, com sua torcida ocupando o lado à direita da Tribuna de Honra.
Mas o Vasco da Gama, clube que se vangloria de ser o único grande do Rio a ter estádio próprio, resolveu, nessa "nova" administração, se meter no contrato alheio e, com o apoio do Sr. Rubens Lopes, que hoje ocupa a presidência da Ferj, se colocou acima de qualquer regra e também do bom senso: não entra em campo, se os torcedores vascaínos não ocuparem o lado direito, se valendo de uma suposta tradição que morreu, junto com as próprias arquibancadas, quando o Maracanã foi parcialmente demolido e entregue pelo Estado à iniciativa privada.
Ou seja: é uma situação tão esdrúxula que o futebol do Rio tem uma federação que apoia um clube que ameaça não entrar em campo.
E então, como "solução", numa decisão minimamente irracional, os times se enfrentarão no Engenhão ainda em obras, pondo em risco não apenas os corajosos que comparecerem neste jogo já repleto de nitroglicerina, mas também todo entorno do estádio. Repito: tudo por causa do lado das torcidas. Uma discussão indiscutível.
Até o dia do jogo, euriquistas cantarão de galo, mesmo sabendo que no Campeonato Brasileiro a situação deve mudar de figura. Embora a CBF também seja o quintal do capo di tutti i capi de São Januário, a pressão por se cumprir o bom senso deverá ser muito maior.

Enquanto isso, ao Fluminense não resta alternativa senão repudiar firmemente esses desmandos e treinar muito bem para vencer o Vasco. Permanecer ao lado do profissionalismo e da legalidade é a resposta que o clube deve dar, para mostrar que uma hora o 7 a 1 no futebol brasileiro precisa ter fim.

Por 
Fagner Torres, do Aqui é Flu 
11 de fevereiro de 2015, 10:00

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